domingo, 6 de dezembro de 2009

Batalha de Sardes

Após ter percorrido os mais de 500 Km que o separavam de Sardes, Creso desmobiliza o seu exército, nunca imaginando que Ciro se atrevesse a marchar sobre Sardes antes do período normal de campanha, que começa no final do mês Março. Mas Ciro surpreende-o, após passar o inverno em Pteria avança sobre Sardes antes que Creso tivesse tempo para mobilizar de novo o seu exército, e vai impossibilitar Creso de recrutar de novo mercenários para o seu exército. Esta avançada é efetuada já em 546 a.e.c., antes do final do Inverno.

O seu avanço terá sido muito rápido para o normal à época. Este movimento rápido do exército persa, é referido tanto por Heródoto, como por Xenofonte. E apesar de surpreendido, Creso decide dar batalha e os exércitos enfrentam-se numa planície a poucos quilômetros a leste de Sardes. O campo de batalha é descrito por Heródoto do seguinte modo: "É uma vasta planura, limpa de árvores, banhada pelo Hyllus e outros pequenos ribeiros que correm para um maior que os restantes, chamado Hermus."




A ordem de batalha do exército persa é similar à da batalha de Pteria, mas Xenofonte refere que um terço dos medos não acompanharam Ciro na marcha para Sardes, ficaram para proteger a Média de qualquer outro ataque. Isto reduz o exército de Ciro a cerca de 5.000 cavaleiros e 20.000 infantes. Mas para esta batalha, Ciro preparou um estratagema para derrotar a cavalaria lídia, que consistiu na criação de um corpo de camelaria a partir dos camelos utilizados para o transporte de bagagem, onde montou dois homens em cada camelo. Isto com o objecto de frustar a carga da cavalaria lídia, pois os cavalos têm uma aversão natural ao camelos não suportando a presença nem o cheiro dos mesmos.

A ordem de batalha do exército lídio dada por Xenofonte contabiliza 240.000 homens da Lídia e dos reinos vassalos e mais 120.000 egípcios, cuja presença como já referido coloca muitas reservas, perfazendo um total de 360.000 homens. Mais uma vez é preciso racionalizar os número dados por Xenofonte, e um número na ordem dos 30 a 35 mil homens será mais consentâneo com a verdade.

Para fazer face à ameaça da cavalaria lídia, Ciro vai adoptar a seguinte disposição: o centro avançado e ambas as alas recusadas. Ao centro, o corpo de camelos na frente, seguido da infantaria e torres móveis (se seguirmos Xenofonte). Na ala direita, carros de guerra falcados na frente (ainda se seguirmos Xenofonte), seguidos de metade da cavalaria, e alguma infantaria a apoiar.

Creso por seu lado, adopta a disposição seguinte: ao centro, a cavalaria Lídia na frente e o contingente egípcio em segunda linha (segundo Xenofonte) e nas duas alas o resto do seu exército.

Ao começo da batalha são os Lídios que tomam a iniciativa avançando sobre a linhas persas. E como a linha do exército de Creso se alongava para além das extremidades da linha do exército de Ciro, este tentou um movimento de envolvimento em ambos os flancos. Com este objetivo parou o avanço do centro e esperou que as alas se colocassem numa posição perpendicular às alas do exército persa, de modo a atacar de três lado ao mesmo tempo. Este movimento da alas lídias obrigou-as a afastarem-se do centro, para executarem a manobra a uma distância de segurança do exército persa, obrigando a partir a linha do exército lídio nas suas junções com o centro. A movimentação das alas em coluna para a nova posição criou, aparentemente, uma certa desorganização nas mesmas o que foi aproveitado pelos persas para avançarem as suas alas contrais as alas lídias, lançando os seus carros de guerra falcados contra a frente das alas e a sua cavalaria contra o flanco das mesmas.




Desorganizadas e atacadas de flanco, ambas as alas do exército lídio foram esmagadas tendo os homens fugido para a retaguarda perseguidos pelos persas vitoriosos. Ao mesmo tempo, o centro persa avançou sobre o centro lídio, e tal como Ciro tinha previsto, os cavalos da cavalaria lídia recusaram-se a carregar sobre os camelos persas. Perante este cenário, a cavalaria lídia desmontou e enfrentou a infantaria persa a pé, obrigando a infantaria persa a recuar até às suas torres móveis. Mas, Ciro, parando a perseguição da sua ala, a direita, dirige as suas tropas contra a retaguarda do centro inimigo, obrigando os lídios a formar em circulo, conseguindo conter o avanço dos lídios. Entretanto a ala esquerda, regressada da perseguição, também entra na refrega. O combate foi longo mas a vitória não escapou a Ciro. Quanto a Creso, este consegue salvar parte das suas forças da batalha e refugia-se atrás das muralhas de Sardes.

Ao amanhecer do dia seguinte à batalha, Ciro avança com o seu exército até às muralhas de Sardes dando inicio aos preparativos para um assalto à cidade. Ao mesmo tempo Ciro volta a enviar mensageiros ao seus aliados, para enviarem os contingentes o mais rápido possível, pois ele encontrava-se já cercado pelos persas em Sardes. Ao décimo quarto dia um assalto às muralhas foi tentado mas sem êxito. Mas na noite seguinte através de um ponto fraco nas muralhas um pequeno grupo de persas conseguiram penetrar as muralhas da cidadela de Sardes e ocupá-la. Ao saberem da ocupação da cidadela pelos persas, os defensores lídios abandonaram as muralhas permitindo assim a entrada do exército persa na cidade.

Note-se que à uma similitude entre os 14 dias de resistência da cidade de Sardes e os 14 anos de reinado de Creso, o que significa que com muita probabilidade, a duração do cerco terá sido outra. Mas se foi mais longo ou mais curto não é possível precisar.

No dia seguinte, Ciro entra em Sardes e manda parar o saque a que se dedicavam os homens do exército persa. Creso é feito prisioneiro e passa a conselheiro de Ciro. Ciro regressa à Pérsia, deixando o exército sob o comando dos seus generais, com ordens para submeter todos os reinos e território anteriormente vassalos do rei da Lídia.

Fonte: Templo de Apolo