quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ritos fúnebres, na Judéia

Na Judéia, em fins do século I a.C. os sepultamentos eram feitos em kokhim, uma cavidade talhada na rocha com bancos para receber o corpo. Esses pequenos complexos tumulares em forma de dedo eram especialmente caros, o que demonstra que eram de uso das famílias ricas. As mais abastadas tinham tumbas enormes talhadas nas rochas, com formato de uma sala retangular contendo nichos. O corpo poderia ser colocado ou não dentro do ataúde, cada abertura na rocha era fechada e a tumba também era selada com uma pedra redonda.


Escadas que levavam a sepulturas individuais nas catacumbas
rochosas de Bet Shearim, perto de Haifa, séculos I e II E.C.

Em Roma os corpos de judeus abastados eram colocados em sarcófagos de mármore, na Alexandria helenística corpos de judeus e egípcios eram colocados em sarcófagos feitos de madeira fina geralmente com pinturas na tampa.

No século I d.C. era costume durante o luto, demasiado choro, lamento e rasgar de roupas. O luto durava trinta dias, e durante três dias havia restrição total de trabalho. Os mais religiosos não se lavavam e vestiam roupas sujas, para expressar seu pesar. Os caixões funerários eram feitos de materiais caros, cobertos com guirlandas de flores. Após a cerimônia de sepultamento era comum a refeição de condolências.

Na Judéia, durante o período do segundo templo, era comum deixar o corpo sobre o banco de pedra por anos, até que restasse apenas o esqueleto, que eram envoltos em linho, ungidos com aromas e óleos e então eram amarrados como as múmias egípcias e acontecia um segundo funeral. Onde eram enterrados no solo ou depositados em ossuários.

Antes da destruição do templo em 70 d.C, o corpo era lavado e untado com perfumes e enterrado normalmente com suas roupas mais caras, feitas com tecidos finos. A grandiosidade das tumbas que eram semelhantes a vilarejos subterrâneos, e a ostentação nos rituais fúnebres, levaram ao endividamento de muitas famílias da época.

Esses exageros eram um paradoxo em relação aos sepultamentos dos pobres causando uma situação de constrangimento. Os pobres começaram abandonar seus mortos, esperando que instituições de caridade os sepultassem. (Ausubel, 1989, p. 766) “O que começara como uma vaidade social da parte dos ricos, tinha-se tornado um mal social de todo povo. O Patriarca Raban Gamaliel II ficou profundamente perturbado, pois lhe parecia que a morte quase se tornará um luxo proibido para os pobres”.


Inscrição em grego e latim, sobre uma tábua de pedra
encontrada em Roma e que diz: "Aqui jaz Tobias Barzaharona
e seu filho Parecorius." Duas menorot e a palavra shalom em
hebraico identificam os falecidos como judeus, século I E.C.

Para dar fim aos excessos fúnebres, o rabino Gamaliel determinou que todos deveriam ser sepultados da mesma maneira, com roupas de linho cru, sem adornos. E deixou instruções expressas para que fosse enterrado envolvido em uma mortalha de linho cru, barato. Textos bíblicos relatam que os corpos eram envoltos em mortalhas com pés e mãos enfaixados.

Durante a procissão fúnebre os parentes homens carregavam o ataúde, as mulheres caminhavam a frente pranteando, a procissão era acompanhada por tocadores de flautas.

A grande massa de pobres eram tão anônimos vivos quanto mortos e eram sepultados no Vale de Cedrom, num cemitério para indigentes, após a procissão acompanhada por dois tocadores de flautas, muitos pobres eram queimados.

A preocupação dos judeus com os ritos fúnebres assemelha-se a preocupação de outros povos na antiguidade, artefatos funerários encontrados na Judéia antiga em escavações realizadas por arqueólogos demonstraram uma analogia aos túmulos egípcios. Existem sinais da influência nos ritos fúnebres também de fenícios, babilônios, sírios, persas, gregos e romanos. O que se conclui que ritos fúnebres constituíam um valioso elemento estrutural na antiguidade.

.:: Centro de Pesquisas da Antiguidade

Um comentário:

Unknown disse...

Isso foi de muita valia, pois tenho sede de conhecimento.