segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Novas descobertas no templo perdido

Quando Amenófis III morre, em 1.351 a.C., seu templo real, com os colossos sentados, torna-se o santuário mais luxuoso na necrópole de Tebas, junto ao Nilo. Mas o que havia sido construído como grandiosa fortaleza para a eternidade, cai no esquecimento dos terremotos, roubo de pedras e cheias do Nilo.


Os Colossos de Memnon são, por enquanto, as únicas obras
visíveis à distância do templo real de Amenófis III. Mas, 100 m
a oeste, reergue-se um outro par desses gigantes de pedra.

Quando Amenófis III morre, em 1.351 a.C., seu templo real, com os colossos sentados, torna-se o santuário mais luxuoso na necrópole de Tebas, junto ao Nilo. Mas o que havia sido construído como grandiosa fortaleza para a eternidade, cai no esquecimento dos terremotos, roubo de pedras e cheias do Nilo.

Os Colossos de Memnon sobreviveram a terremotos, enchentes do Nilo, tempestades de areia, Sol ardente, noites geladas, vandalismo e pilhagens. Há mais de 33 séculos, as duas estátuas de pedra reinam na margem ocidental do Nilo, em Luxor: gigantes sentados de quartzito vermelho, com aproximadamente 18 metros de altura, os rostos rachados voltados para o leste, as mãos estendidas sobre os joelhos, as pernas bem juntas, a ponta do dedo mínimo do tamanho da cabeça de um homem adulto.


Sob a direção da egiptóloga teuto-armênia Hourig
Sourouzian, ressurge das ruínas o santuário de Amenófis III.

Outrora se erguia atrás deles o maior santuário já erigido por um faraó, em sua própria memória: o templo real de Amenófis III, onde o soberano, ainda em vida, era simbolicamente venerado como um deus. Os sacerdotes lhe apresentavam oferendas para a continuação de sua vida no além.

Por volta do ano de 1.385 a.C., Amenófis III deu início à construção dessa "fortaleza para a eternidade até o infinito", para si e para seu pai divino Amon, "de arenito, totalmente coberto de ouro, os pisos feitos de prata, ricamente decorada com estátuas", como foi gravado no memorial de pedra daquela época. Na frente, pilones - duas torres trapezoidais flanqueando uma porta monumental - e imensos mastros de bandeira. Flores rodeavam a margem de um lago repleto de peixes. "Com uma casa de trabalho cheia de escravos e escravas, o despojo de sua majestade" de países distantes. Com armazéns abarrotados de tesouros do Oriente Próximo.

Mas o templo de Amenófis III não se mostrou uma fortaleza para o infinito.
Hoje, pouco se aproveita desse monumento de poder e de fé. As duas estátuas do faraó estão solitárias sobre um prolongamento das montanhas ocidentais tebanas, de 700 m de comprimento e 150 m de largura. Essa parte arenosa da região se destaca como um retângulo cinza entre a fértil planície.


Com mais de 500 m de comprimento, o templo real
de Amenófis III destaca-se perante as "casas de
milhões de anos" que os faraós, em honra de
seus deuses e de si próprios, mandavam construir
no lado oeste do Nilo, em Tebas. A ilustração
(acima) indica como a construção deve ter sido.
A imagem aérea mostra o que se podia ver ainda,
no início de 2009. Ao lado dos Colossos de Memnon,
na borda esquerda da imagem, por exemplo, os
tocos de colunas do pátio de colunatas bem à direita.

Ao norte, ele é separado dos campos por um canal de irrigação. Ao leste, a poucos metros dos gigantes, há um estacionamento para ônibus de turistas. Ao sul, o terreno se estende até uma estrada, que conduz do Nilo para cima. Além do canal de irrigação, há camponeses lavrando a terra.

Também na faixa poeirenta, com poucas árvores, ao oeste dos colossos de Memnon, homens fazem trabalho pesado no calor abrasador. Não para tornar o solo cultivável, mas para tirar-lhe segredos. São arqueólogos que, em meio a cepos de colunas, estátuas quebradas e memoriais de pedra, montaram suas barracas, mesas e guarda-sóis. Há onze anos, durante a época de escavações, que dura aproximadamente dois meses - entre meados de janeiro e início de abril -, os pesquisadores cavam aqui cada vez mais fundo, em direção ao passado. Em quadrados planejados, de dez por dez metros, retiram a terra do solo até uma profundidade de 4 metros, enquanto um sistema de bombeamento dispendioso abaixa o nível da água subterrânea.

Atualmente, os arqueólogos estão montando um quebra-cabeça estilhaçado como nenhum outro no Egito, cujas dezenas de milhares de peças, algumas delas pesando 450 toneladas, não se encontram espalhadas apenas em Luxor, mas em inúmeros museus ao redor do mundo. Mais de 280 pessoas - dentre elas cientistas, desenhistas e restauradores de 12 nações e trabalhadores locais - trabalham na tentativa de reconstruir, o máximo possível, as ruínas do templo de Amenófis III. Motivo: tentar decifrar como os deuses e o faraó eram cultuados em uma época em que o Egito era tão influente e abastado como nunca antes em sua história.

Seis horas da manhã, em março. O Sol nascente faz os Colossos de Memnon projetarem longas sombras, mergulha as barracas brancas de trabalho dos arqueólogos em uma claridade suave. Dos campos de cana-de-açúcar próximos ergue-se um vapor. O ar está agradavelmente fresco, por volta de 15° C. Ainda não há pó na atmosfera. Ouve-se apenas o bufar dos queimadores a gás nos balões com cordas de cativo. Mas logo surgem outros barulhos: ao gorjear agudo de um bando de tentilhões mistura-se o tinir constante de elos de corrente girando nas roldanas de uma polia.

Miguel López Marcos está agachado em uma estrutura de madeira sobre uma cova larga, com 3,5 metros de profundidade. Há anos o restaurador espanhol é responsável pela equipe de cargas pesadas. Abaixo dele, nas correias da polia, está pendurada uma deusa em granito, que foi descoberta há pouco. É Sekhmet, com cabeça de leão, considerada entre os faraós a vingadora do deus Sol e protetora do rei.


Especialistas egípcios recompõem uma das 40 figuras
colossais de Amenófis III que, naquela época, estavam
posicionadas entre as colunas do pátio de colunatas (1).
Protegidos por guarda-sóis, restauradores limpam esfinges
descobertas no início de 2008, no lado leste do terreno (2).

Vagarosamente, trabalhadores egípcios puxam a estátua de 1,80 m para cima. Eles murmuram, uns para os outros, comandos curtos: "Iftah aleik": "Puxe para seu lado". "Ahsan qeda": "Assim é melhor." Somente meia hora mais tarde, quando a estátua se encontra livre e debaixo do tripé da polia, o tom aumenta. "Irfa! Irfa! Hat el-arabijja!": "Para cima! Para cima! Vá buscar a carroça!"

Cuidadosamente, a deusa é colocada na carroça. Doze homens se alinham diante dela, puxando as cordas. López Marcos e outros quatro empurram por trás o achado cheio de lama. Um arranque põe a carroça em movimento.
Com toda cautela, os homens transportam para o pátio da oficina de restauração - a aproximadamente 50 m de distância - a estátua da deusa, em forma humana e com o disco solar sobre a cabeça de leão: a única construção de alvenaria em torno da escavação. Ainda nessa manhã, uma especialista em conservação de granito negro livrará a deusa-leão dos restos de lama e cal.

Até agora, os arqueólogos acharam mais de 80 esculturas e grandes fragmentos de esculturas de Sekhmet nesta escavação, todas diferentes umas das outras. A maioria se mostra sentada, outras, em pé. Diferenças sutis se revelam apenas sob um exame mais acurado, como, por exemplo, com que ornamentos os escultores cinzelaram a vestimenta da deusa na pedra.


Recomposição do colosso de Amenófis III
levou cinco. A cabeça é uma cópia.
A original foi embarcada para a Europa
por "catador" de estátuas, há 200 anos.

É possível que em outros tempos fossem encontrados, no santuário de Amenófis, em torno de 40 colossos do rei, com aproximadamente 8 metros de altura. Havia também mais de mil figuras de deuses, em forma de animais ou humana, entre elas um hipopótamo quase em tamanho natural, de alabastro branco, e uma esfinge-crocodilo, meio leão, meio réptil, também de alabastro: obras de arte como nunca antes foram encontradas em lugar algum.

No século 14 a.C., a nação junto ao Nilo vive a "idade do ouro". Desde os tempos de Tutmés III, o reino dos faraós é a potência de liderança na região oriental do Mar Mediterrâneo. Quando Amenófis III, bisneto do rei guerreiro, ascende ao trono em 1388 a.C., ele herda um império que vai desde o Norte da Síria até a quarta catarata do Nilo.

A cheia do Nilo é estável e traz ao reino colheitas fartas. Navios mercadores velejam aos portos da região oriental do Mar Mediterrâneo. Plaquetas de cerâmica vitrificada com o nome de Amenófis III, provavelmente pingentes de fornecimentos de presentes, se encontram em muitos lugares da região do Mar Egeu. Sabiamente, o faraó assegura as relações com os grandes reinos orientais e com os príncipes de cidades da Síria e da Palestina, por meio de acordos. Parte da correspondência a respeito está preservada em tábuas de argila, em escrita cuneiforme.

Em suas cartas, os grandes reis se dirigem a Amenófis III como "meu irmão". Já os vassalos lhe prestam respeito pelo tratamento "meu Sol, meu senhor". Constantemente, o conteúdo das cartas fala sobre os casamentos diplomáticos, por meio dos quais Amenófis III reforça laços de amizade, fortalecendo, ao mesmo tempo, a posição de supremacia do Egito.


Nomes de Amenófis III, escritos em molduras
ovais (cartuchos), decoram o cinto de uma estátua,
feita do quartzito rosa do Gebel el-Ahmar,
perto do Cairo (4- veja na ilustração ao lado).
A estátua ficava no lado norte do pátio de colunatas.

A cada matrimônio, presentes valiosos mudam de proprietário: metais nobres, cavalos, lápis-lazúlis, pomadas perfumadas. Para uma noiva da casa real da Babilônia, Amenófis III envia uma "dádiva matinal", um presente que o esposo dá à esposa na manhã seguinte ao casamento: meia tonelada de ouro. Assim, o pacto se paga para todos os participantes. Mas quando o rei da Babilônia pede a mão de uma princesa egípcia em casamento, a resposta é clara: "Desde tempos antiquíssimos, uma filha do rei do Egito nunca foi dada em casamento a qualquer um!"
No harém de Amenófis III, ao lado da filha do rei da corte babilônica, vivem também princesas de Arzawa, da Ásia Menor, e do reino de Mitani, no Eufrates superior. Mas para se tornar a "grande esposa real", o faraó escolhe Tiy, a filha de um funcionário público. Mais notável do que sua origem é o que ela se torna: nunca antes a mulher principal de um faraó possuiu tanta influência. Amenófis III lhe consagra um templo próprio. Em escaravelhos comemorativos, torna pública sua ascendência não real para além do vale do Nilo, e concede a seus pais a rara honra de um túmulo no Vale dos Reis.

Juntamente com Tiy, que em representações de seu esposo frequentemente aparece ao seu lado, Amenófis III se vê como protetor do Egito, responsável pela fertilidade da terra e a prosperidade de seus súditos. Finalmente, ele começa a se identificar com o deus Sol, se autodenominando "brilhante disco solar de todos os reinos".


Na Antiguidade, os ladrões de pedras demoliram o templo
de Amenófis III até o alicerce (no fundo, um bloco restante
da fachada do pátio de colunatas (1). Nas valas formadas,
os mesmos deixavam para trás o que não tinha utilidade,
como por exemplo, estátuas da deusa-leão Sekhmet (2).

O rei manda construir, cada vez mais, novos templos. Os já existentes são ampliados."O coração de sua majestade estava em paz ao se construir monumentos grandiosos", ele anuncia em um memorial de pedra.
Nenhum dos santuários simboliza mais essa busca pelo apoio dos deuses do que o templo real de Amenófis na margem oriental do Nilo, do outro lado de Tebas (a atual Luxor).
Inscrições em rochas, nas pedreiras perto do Cairo, comprovam que o faraó, já no seu primeiro ano de governo, manda extrair e bater pedra calcária fina. O material seria utilizado na construção de sua fortaleza para a eternidade.

A construção do templo termina após quase 30 anos de trabalho, em 1358 a.C. Nesse ano, Amenófis usa a residência real como cenário de sua primeira festa Sed, o misterioso ritual festejado tradicionalmente pelos faraós em seu 30º ano de governo e que tem apenas uma serventia: a renovação mágica da força real e a plenitude de poder pelos deuses.


Na oficina de restauração, especialistas procuram
lascas de pedra que se ajustem à cabeça de granito.

Durante a construção do templo, Amenófis permanece cada vez mais em Tebas, onde lhe é edificado um amplo palácio, perto do canteiro de obras de seu templo real. Na frente, os trabalhadores escavam um lago artificial, com um quilômetro de largura por dois de comprimento, ligado ao Nilo por meio de um canal.


2ª Parte -->

Novas descobertas no templo perdido

No templo são colocadas estátuas dos deuses e figuras colossais do rei, vindas de todas as pedreiras do país. Alguns dos gigantes são de quartzito vermelho, do Gebel el Ahmar (a leste do Cairo atual). Outros são de alabastro branco de Hatnub, do Egito Médio, ou de granito rosa, de Assuan.


Até agora, 84 estátuas de Sekhmet, conservadas
ou fragmentadas, foram descobertas por
arqueólogos na borda do pátio de colunatas.

Em 1335 a.C, no ano da morte de Amenófis, que faleceu com aproximadamente 50 anos após longa enfermidade, o templo se estende por mais de meio quilômetro, de leste a oeste.
Mastros de bandeiras dominam o imponente portal de entrada, com os Colossos de Memnon. O pátio atrás conduz ao segundo pilone de tijolos de barro, revestido de cal. Diante dele se encontram quatro mastros de bandeira de cedro revestidos de ouro - indícios da douração são encontrados posteriormente pelos arqueólogos - bem como dois gigantes sentados do faraó, de quartzito, com 15 metros de altura. Diante de um terceiro portal, estão sentados em tronos de granito negro mais um par de colossos. Dessa vez, de alabastro.
Somente tendo atravessado esse pilone, atinge-se finalmente o interior do templo propriamente dito. Colunatas com mais de 15 metros de altura ladeiam o pátio calçado com placas de arenito, a partir do qual os sacerdotes, por meio de um salão fechado, chegavam ao santuário.
Como todo templo egípcio, o de Amenófis também é um local dos deuses. Mas o faraó colocou a construção sob um tema bem especial: sua festa Sed, que ele festejara no total três vezes, na presença das divindades egípcias. Por isso, mandou ampliar o complexo em três oportunidades, a cada nova edição. Sakhmet, sua deusa protetora pessoal, também guarda, em muitas estátuas, o desenvolvimento do mesmo ritual.

Mas essa fortaleza para a eternidade é mais do que um palco de culto, ela é um retrato do Egito e de seu direito de potência cinzelado em pedra: as estátuas na parte norte do santuário mostram o rei com a coroa do Baixo Egito. Na parte sul, Amenófis III carrega a coroa do Alto Egito, e nos pedestais, os escultores colocaram os nomes de dúzias de povos e locais estrangeiros. Ao sul, os vizinhos africanos negros. Ao norte, os povos da região do Mar Mediterrâneo.


No segundo pilone (torre de portal), a maior área
de escavação é aberta pelos arqueólogos. A mão
monumental à frente pertence a um dos dois colossos
de Amenófis III, ao lado sul (1). ladeavam o portal, até
que um terremoto por volta de 1210 a.C. os derrubou.

Cada nome está inscrito em um oval, que representa um muro de uma cidade. Em cima, uma cabeça sai do anel, com os traços característicos de cada um desses povos. Em torno de cada figura, representando os povos, estão cordas, que terminam nas plantas do brasão do Egito: umbelas de papiro para os povos do norte, flor de lótus para os povos do sul. Os braços que saem por trás desses ovais estão amarrados. Assim, simbolicamente, todos os povos são tidos como prisioneiros do faraó.
As listas dos nomes mostram o conhecimento que os egípcios tinham do mundo em 1350 a.C. e quão poderosa era a consciência que tinham deles mesmos.


Ladrões de pedra reduziram a milhares de pedaços os
colossos do rei que caíram no segundo pilone (2). Poucos
fragmentos estão tão bem conservados quanto essa
cabeça que um trabalhador limpa com um aparelho
especial, retirando as de cal das toneladas de peso (3).

Todos os grandes reinos do sul estão na lista: Cuche e Jam, no curso superior do Nilo, e Punt, que, provavelmente, ficava na costa da Eritreia ou da Somália. Entre os povos do norte, pela primeira vez se encontra no Egito o retrato característico de um príncipe hitita: uma indicação do reino que se fortalecia na Anatólia, um concorrente acirrado dos faraós.
Especialmente interessante é a lista do Egeu. No templo real de Amenófis III se encontram, em escrita hieroglífica, as referências mais antigas de localidades da Grécia Primitiva. Entre elas: Troia, Cnossos e Micenas. Novo é o nome Grande Jônia. É a referência mais antiga aos jônios, que viviam na Ásia Menor. Também os "danaos" (gregos) entram aqui pela primeira vez na história.
Ocorre que o Egeu nunca esteve sob controle egípcio. Lá, as legações do faraó travavam apenas de relações comerciais com os minoicos, em Creta, e com os micênios, no continente grego.
O reino hitita, na Anatólia, também não aparece em qualquer citação do reino. Amenófis III entende que o inimigo cresce com a presença dos hititas na terra dos faraós. Como se pode ver pela correspondência recebida em escrita cuneiforme, os soberanos trocam cartas corteses, mas nem sempre amistosas.

Ainda há paz. As fronteiras ainda são respeitadas e raramente soldados são enviados. O Egito tem Mitani e a Babilônia a seu lado, e mantém relações econômicas com o Egeu.
Mas Akhenaton, filho e sucessor de Amenófis III, não tem o talento diplomático de seu pai.
As relações com o Egeu são cortadas. Os hititas põem em dúvida a prerrogativa de comando do Egito sobre a Síria. As forças se desequilibram. E também a "fortaleza para a eternidade", de Amenófis III, esse baluarte contra o esquecimento do diplomata magistral e deus vivo, é logo relegado ao declínio.


Outro santuário, cuja construção é atribuída a Amenófis III, mas
que está bem melhor conservado: o templo de Luxor, inaugurado
em 1.370 a.C., em Tebas. Cada uma de suas colunas se assemelha
a um feixe de papiro, que juntos simbolizam a terra pantanosa
primitiva, na qual, segundo a mitologia, surgiu o mundo.

Poucos anos após a morte do rei, os iconoclastas de Akhenaton começam a despedaçar o templo. Pois o filho, ao contrário de seus antecessores, idolatra um único deus: o disco solar Aton.
Os esbirros de Akhenaton tiram o nome das imagens do deus Amon, venerado por Amenófis III.

O pesadelo, no entanto, dura pouco tempo: soberanos sucessores trazem novamente os deuses antigos, restauram o nome de Amon nas inscrições e voltam a frequentar o templo real de Amenófis III. Isso acontece durante a "bela festa do vale do deserto" . Mas durante o governo do faraó Merneptah, por volta de 1210 a.C., o templo é abalado por um terremoto. Geólogos descobriram, em 2006, os sinais típicos dessa catástrofe. A fortaleza para a eternidade sucumbe: juntamente com o pátio das colunatas, cerca de 40 imagens monumentais do rei e duas grandes pedras memoriais viram cacos. Sob o ímpeto de seu próprio peso, os colossos que estão à frente do segundo e terceiro pilones caem de seus pedestais e se despedaçam. O templo se transforma em uma pedreira.

O próprio Merneptah acaba usando os blocos de pedra do santuário na construção de seu próprio templo real. E é seguido pelos próximos faraós.
Um novo terremoto no século 1º a.C. danifica o Colosso de Memnon situado ao norte. Só agora esses gigantes recebem nomes, com os quais são conhecidos por qualquer pessoa que viaja ao Egito. Visitantes gregos veem no colosso lesado uma figura mitológica: Memnon, o filho da deusa do amanhecer, morto na batalha de Troia. Como o colosso emite ruídos estranhos ao nascer do Sol - causados pela expansão do ar que se aquece nas rachaduras e fendas que se estendem pela estátua -, os gregos interpretam esses rumores como uma elegia de Memnon por Eos, sua mãe.

Inscrições em grego e em latim nos colossos, antigos grafites, falam da força de atração do gigante que canta sobre as pessoas da Antiguidade. Somente quando o imperador romano Septímio Severo manda restaurar o colosso, por volta de 200 a.D, é que termina o espetáculo acústico. A atração turística perde seu encanto.Por fim, no século 19, caçadores de estátuas, a mando de colecionadores europeus, retiram das ruínas do templo o que lhes parece ter algum valor: duas cabeças de estátuas colossais do pátio de colunatas vão para Londres, duas esfinges seguem para São Petersburgo para enfeitar as margens do rio Neva. Atualmente, quase todos os museus etnológicos abrigam uma daquelas estátuas de Sekhmet, que Amenófis III havia mandado fazer aos centos.

Antes da construção da segunda represa em Assua, em 1971, o Nilo, ano após ano, inunda a área do templo. O lodo se instala aos pés dos Colossos de Memnon, com uma espessura de 2 a 3 metros. Juncos dominam o terreno, espinhos de camelo quebram com suas raízes as ruínas escondidas na terra.
Os nativos chamam o areal de kom el-hettan, "colina dos arenitos". Na superfície não se vê mais muita coisa do templo. E o que continua reconhecível, não dá muita esperança, por causa de seu estado. A maioria dos cientistas deixa o templo simplesmente de lado.

Nos anos 60 do século passado, pesquisadores do Instituto Suíço para Pesquisa Arquitetônica Egípcia examinaram as ruínas do templo, constatando de modo realista em seu relatório final: "Sem dúvida, aqui ainda há muitas descobertas por fazer. Melhor seria se pudéssemos utilizar bombas, paredes de estacas- pranchas e guindastes. Nesse caso, estaríamos diante da incômoda questão: o que, afinal, se faria com os pedaços do zoológico de estátuas de Amenófis III? Os museus do Cairo, de Turim, Paris e Londres já estão satisfeitos com suas estátuas de Sekhmet."

Mas Hourig Sourouzian, a atual diretora de escavações, tem como meta manter todas as partes do santuário em seu lugar original. Para ela, inscrições, estátuas e templo formam uma unidade indivisível. Rainer Stadelmann, ex-diretor do Instituto Arqueológico Alemão, em Cairo, tem a mesma opinião. Ele está trabalhando nas listas de povos estrangeiros e supervisiona a restauração dos Colossos de Memnon.


O achado mais recente: no segundo pilone, na parte
frontal do gigante do lado sul, os arqueólogos
descobriram uma imagem incólume da
rainha Tiy, a esposa principal de Amenófis.

Nos últimos anos, a equipe que trabalha com os dois cientistas fez o levantamento cartográfico de todos os restos do templo. Trata-se da primeira escavação sistemática no templo de Amenófis III.

O tempo esquentou bastante na kom el-hettan. Está quente demais para um dia de meados de março. O ar cintila por cima dos milhares de fragmentos de estátuas do templo, que estão classificados conforme o material e a forma do objeto. Todos recebem uma marcação manuscrita sobre posição e data de sua descoberta.
Várias equipes de restauradores europeus e egípcios cuidam dos colossos de quartzito despedaçados junto ao segundo pilone: estátuas reais, de granito rosa, tocos de colunas e estátuas de Sekhmet.

Estudantes passam a catalogar as relíquias. Especialistas em tijolos de barro examinam, no segundo pilone, um portal que ali existia. Posicionado à beira da escavação, o portal tem o tamanho de uma quadra de basquete e 3,5 metros de profundidade. A tarefa não é fácil, pois os especialistas precisam diferenciar os tijolos de barro não queimado do portal do chão de barro que o cerca.

Sem as bombas, os trabalhos não seriam possíveis. Se elas parassem de funcionar, dentro de poucas horas a área da escavação estaria inundada e, por consequência, as relíquias e os fundamentos dos dois colossos de quartzito, que acabaram de descobrir no segundo pilone, também ficariam de baixo d'água.

López Marcos e sua equipe levaram um mês e meio apenas para conseguir retirar da cova a parte inferior de um dos dois gigantes, de 450 toneladas. Foram utilizadas na operação: almofadas pneumáticas, guincho mecânico e trilhos perfeitamente lubrificados, para movimentá-lo para os lados. O que resta do gigante ainda está dentro da cova.

Aproximadamente a 30 metros, a oeste, Hourig Sourouzian tenta reconstruir a planta do pátio de colunatas que ficava diante do santuário. Ladrões de pedra daquela época já haviam levado parte dos muros e a maioria das colunas. Onde antigamente se erguiam paredes, agora existem apenas profundos buracos, recheados de terra. Nesses lugares, os arqueólogos encontram de tudo, desde materiais "sem valor" até peças consideradas sagradas demais para serem reutilizadas em novas construções, como as estátuas de Sekhmet.

"Este é um mundo às avessas", diz Hourig Sourouzian. "Enquanto em outros monumentos estão preservadas as paredes e às vezes até os forros, aqui não se encontra nem sombra da decoração do templo. Em kom el-hettan pouco se vê de estátuas, memoriais em pedra e altares. É por meio dos objetos encontrados que identificamos um lugar onde, antigamente, havia pilones e paredes." Às 13h30, após sete horas de trabalho, o capataz egípcio soa um apito e dá por encerrado o expediente dos operários. À tarde, os cientistas passarão os valores de seu aparelho de medição para os computadores, cuidarão de seu banco de dados de achados, desenharão e farão fotografias dos objetos. Isso acontece seis dias por semana, de sábado a quinta-feira, até o início de abril. Depois disso, o calor fica insuportável.

Alguns dias antes, a equipe de López Marcos havia re-erguido um colosso completo de Amenófis III: após 3.200 anos, levanta-se novamente uma estátua do rei no pátio das colunatas. Apenas a cabeça, de aproximadamente 1,30 m, com a coroa vermelha, não é de quartzito. É uma cópia de material sintético tingido, oca, reforçada por dentro com fibra de vidro. O original se encontra há quase 200 anos no British Museum, em Londres.
Dessa maneira, o templo ressurge, peça por peça.

Dentro de, aproximadamente, dez anos, Hourig Sourouzian quer apresentar ao público, em grandes partes, o santuário restaurado. Isso se ela conseguir as verbas necessárias: seu projeto é um dos poucos empreendimentos no Egito que se mantêm exclusivamente de doações.

Até 2020 todas as colunas danificadas do pátio de colunatas estarão recuperadas, assim como as estátuas e memoriais em pedra. Os cientistas pretendem indicar no terreno, por meio de modernos tijolos de barro, a localização e as dimensões dos imensos portais.

O Sol se põe atrás das montanhas ocidentais tebanas. Hourig Sourouzian está sentada na varanda superior do "Hotel Marsam". A pousada simples, perto do kom el-hettan, serve de moradia e local de trabalho para muitos escavadores. Os Colossos de Memnon brilham à distância, sob a luz dos holofotes.

Mas em breve, a vista se modificará radicalmente. A equipe internacional pretende re-erguer, 100 metros a oeste dos Colossos de Memnon, outro par de gigantes de pedra, quando então quatro gigantes, sentados em tronos, cumprimentarão os visitantes da necrópole de Tebas. De longe, eles serão testemunhas de um monumento único de profunda fé e imenso poder.


<--1ª Parte


.:: Revista GEO

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Macedônios

A Macedónia (português europeu) ou Macedônia (português brasileiro) Antiga tem sua história vinculada aos povos que habitavam a região Grécia e Anatólia na Antiguidade.

Segundo estudos arqueológicos, os antepassados dos macedónios se situam no começo da Idade do Bronze. A partir do ano 700 a.C., o povo denominado macedónio emigrou para o leste, a partir de sua terra natal às margens do rio Haliácmon. Com Amintas I, o reino se estendeu além do rio Áxio até à península de Calcídica. Egas (Aigai) foi a capital do reino até quase 400 a.C., quando o rei Arquelau a transferiu para Péla.



A Macedónia alcançou uma posição hegemônica dentro da Grécia durante o reinado de Filipe II, o Caolho (359-336 a.C.). Alexandre III (O Grande), filho de Filipe e aluno do filósofo Aristóteles, levou os exércitos da Macedónia ao Egipto, derrotou o Império Persa e chegou até a Índia.

Construído num curto período de onze anos, o Império Macedónico contribuiu com a difusão da cultura grega no Oriente. Alexandre fundou uma grande quantidade de cidades e promoveu a fusão da cultura grega com a dos povos conquistados, dando origem ao que se conhece por helenismo.

Cronologia

Antiguidade

· 359 a.C. - 336 a.C. - Reinado de Filipe II - Hegemonia na Grécia.
· 336 a.C. – 323 a.C. - Reinado de Alexandre, o Grande - a máxima extensão do Império.
· 280 a.C. - invasão de grupos gálatas. Três anos depois Antígono II derrotou os gálatas e retomou a coroa macedónia.
· Aproximadamente 200 a.C. - conquista da Ilíria, e das cidades romanas de Rodas e Pérgamo. Em 197 a.C. Roma derrotou Filipe V, reconquistando-lhe os territórios perdidos e anexando a Tessália, que em seguida foi reconquistada pelos Macedónios.
· 168 a.C.-146 a.C. - conquista romana da Macedónia, transformando-a na província da Macedônia.

Idade Média

Submissão do território macedónio aos diversos impérios que se sucederam na região (romano, bizantino, búlgaro).

· 1371-1389 - conquista dos Bálcãs pelos turcos-otomanos.

Idade Contemporânea

· 1864 - divisão da Macedónia pelo Império Otomano em três províncias: Salónica, Monastir e Kosovo.
· 1893-1897 - desenvolvimento de movimentos nacionalistas macedónios.
· 1903 - levante macedónio apoiado pela Bulgária foi rechaçado violentamente pelos turcos com a destruição de 105 vilas de macedônios eslavos.
· 1912-1913 - Guerra dos Balcãs, primeiro contra o Império Otomano pela divisão dos territórios e depois entre si (Bulgária contra Grécia, Sérvia, Romênia e Turquia, que a derrotaram), o que resultou na divisão do território macedónio entre gregos (região costeira-Macedónia (Grécia)) e sérvios (região central e norte da Macedónia - atual República da Macedónia).
· 1918-1939 - Período entre guerras - a Macedónia passou a fazer parte do Reino dos sérvios, croatas e eslovenos.
· 1945 - criação da República Socialista Federal da Jugoslávia. A Macedónia integrou o novo estado como uma de suas seis repúblicas constitutivas.
· 1991 - em 8 de setembro, um plebiscito decidiu pela separação da Macedónia da Jugoslávia.
· 1993 - em abril, a República da Macedónia foi admitida como membro da Organização das Nações Unidas, com o nome de "Antiga República Jugoslava da Macedónia".

Fonte: Wikipédia

sábado, 21 de novembro de 2009

Hititas

Os Hititas eram um povo indo-europeu que, no II milénio a.C., fundou um poderoso império na Anatólia central (atual Turquia), cuja queda data dos séculos XIII-XII a.C..




Em sua extensão máxima, o Império Hitita compreendia a Anatólia, o norte e o oeste da Mesopotâmia até a Palestina.

História

Chamavam-se a si próprios Hatti, e a sua capital era Hattusa ou Hattusha. Os registros em baixo relevo e relatos da época descreviam os hititas como homens fortes, de estatura baixa, com barbas e cabelos longos e cerrados, possivelmente usados como proteção para o pescoço. Os cavalos eram venerados como animais nobres. Os encarregados de cuidar dos cavalos assumiam notoriedade na sociedade hitita.
Tal como os antigos egípcios, seus contemporâneos, detinham uma escrita hieroglífica. Sua principal arma eram os temidos carros de guerra com capacidade para três pessoas (um condutor e dois guerreiros, geralmente um deles utilizando um arco), uma inovação frente aos carros de guerra de 2 pessoas utilizados tradicionalmente por seus vizinhos.


Carroceiros Hititas.

A Batalha de Kadesh é o evento mais famoso da história hitita, quando o Principe Hattusilis, tio do Rei Muwatallis atacou de assalto o exército de Ramsés II do Egito nas proximidades da cidade de Kadesh. A dramática batalha (segundo relatos egípcios, o próprio faraó precisou usar a espada para salvar sua vida) terminou sem vencedores, mas ambos os lados reividicaram a vitória. A batalha é ricamente detalhada em escrituras egípcias, e a descoberta dos sítios hititas na Turquia confirmaram o triunfo hitita contra o egito.
Depois da Batalha de Kadesh, os hititas se envolveram em uma guerra civil que esfacelou o império. Logo após a guerra, os hititas incendiaram Hattussa e fugiram para uma região desconhecida. Até hoje não se sabe qual foi o destino dos hititas. O imo do poderio hitita, bem como seu brio, havia sido deixado de lado quando as cidades mais poderosas de seu império foram devastadas em guerras civis e abandonadas por seu próprio povo, os hititas que antes nunca haviam sofrido uma derrota, tornaram-se alvo fácil para os povos do mar, sem suas capitais bélicas, o restante do império foi devastado por indo-europeus, conhecidos como povos do mar.
Os hititas também venceram outras grandes batalhas, e eram grandes inimigos dos gregos. Durante o apogeu do império, os hititas saquearam a cidade-estado da Babilônia, arrebataram cidades dos hurritas, e Alepo do Egito. Na Ásia menor, não havia povo tão evoluído quanto os hititas que, em sua cultura, assimilaram a tudo dos antigos povos que ali viviam, conhecidos como seus ancestrais, os hattis, bem como mantinham grande comunhão com Tróia, cidade na qual alguns estudiosos afirmam que, na época, pagava tributo a suserania hitita.

Os Hititas e a Bíblia

A Bíblia se refere aos " Hititas" em diversas passagens. Em Gêneses 10:15 (a tabela das nações) há a citação do primeiro antepassado dos hititas, "Hete". Filho de Canaã.
Os Hititas são contados desse modo entre os Cananeus. São descritos geralmente como pessoas que viveram entre os Israelitas entretando possuiam seus próprios reis, e eram suficientemente poderosos para pôr um exército sírio em fuga segundo o registro bíblico.

Arqueologia


Porta do Leão de Hattusa, a capital
dos Hititas (Boğazköy, Turquia)

Até fins do séc. XIX, tudo quanto se sabia sobre os Hititas provinha de pequenas referências na Odisséia, onde são chamados de khetas, e de algumas passagens do Velho Testamento. Ainda assim, desconhecia-se que essa referências aludiam a um mesmo povo.
Quando o arqueólogo, Henry Sayce, afirmou que os heteus do Antigo Testamento eram o mesmo povo que deixou diversos rastros na região da Ásia Menor, a comunidade acadêmica recebeu suas afirmações com descrédito, alcunhando-o de "o inventor dos hititas". A confirmação da teoria de Sayce veio por meio dos esforços de um arqueólogo alemão, Hugo Winckler (1863-1913), cujas escavações em Boghazköy, trouxeram à luz cerca de 10.000 tabletes em escrita cuneiforme, pertencentes aos arquivos dos reis de Khatti.
Após a morte prematura de Winckler, em 1913, a Sociedade Germânica Oriental confiou a publicação dos arquivos hititas a um grupo de assiriologistas. Um deles, o Prof Bedrich Hrozný, foi o autor da primeira gramática hitita, e estabeleceu o caráter indo-europeu da estrutura da língua. Coube também a ele traduzir e publicar as duas coletâneas de leis hititas, que tantos esclarecimentos trouxeram sobre a cultura desse povo.


Guerreiros Hititas.


Soberanos

De entre os vários reis de Hatti destacaram-se:

· Hattusilis I
· Hattusilis III
· Muwatallis
· Suppiluliuma (ou Schubiluliuma)
· Mursili II

Esta é uma lista de reis e soberanos hititas (nesitas):

· Hatusil III (12?? - a.C.)
· Mutalu (13??-12?? a.C.)
· Supiluliuma (?)
· Tudalias II (1480-? a.C.)
· Telepinu (?-1650 a.C.)
· Mursil I (?)
· Hatussil I (?)
· Labarna (?)
· Anita (1950-???? a.C.)
· Pitanas (?)

Fonte: Wikipédia


Leia também!

► A formação do Estado militar Hitita

► Batalha de Kadesh

Hicsos

Os hyksôs foram um povo asiático, provavelmente semita (pouco provável) ou indo-árico (mais provavelmente) que invadiu o Delta do Nilo, iniciando a XV dinastia egípcia, no denominado segundo período intermediário do Antigo Egito.



O termo grego Hicsos deriva do egípcio Hik-khoswet, e significa "governantes de países estrangeiros". Flávio Josefo, historiador judeu do Século I d.C., preferiu verter por "pastores cativos", em vez de "reis pastores". O único relato pormenorizado sobre os Hicsos em qualquer antigo escritor é uma passagem não fidedigna duma obra perdida de Maneton (sacerdote egípcio e historiador do Século III a.C.), citada por Flávio Josefo em sua réplica a Apião. É interessante que Josefo, afirmando citar Máneto palavra por palavra, apresenta o relato de Máneto como associando os Hicsos directamente com os israelitas, talvez pelo fato de que ambos os grupos eram invasores estrangeiros e hostis; porém um grupo era sul-semitóide e o outro não.

Presença na História Egípcia

O "Período dos Hicsos" ainda obscuro da história do Egipto, é entendido muito imperfeitamente. É consensual que os Hicsos foram uma vaga de povos asiáticos do corredor sírio-palestino e dos desertos limítrofes que ocupou gradualmente o Delta do Nilo, em busca de alimentos. O período consistiu essencialmente na mudança de governantes e na forma de administração.

Provavelmente a interface comercial era de semitas e a interface tecno-militar, de indoeuropeus migrantes do vale do Indo; os hicsos na origem eram mais uma aliança de povos e um evento cultural e tecnológico, mais do que invasores militares propriamente ditos. Em copta, Hakasu: estrangeiros, pastores, nómades.

A morte do Faraó Sebekneferu (aprox. 1780 a.C.) e a tomada de poder por Amósis I (aprox. 1570 a.C.) podem ser determinadas com uma certa segurança. Tendo a data da morte de Sebekneferu ocorrido aproximadamente em 1780 a.C., e tendo Amósis tornado Faraó por volta de 1570 a.C., o Segundo Periodo Intermédio teve uma duração não superior a cerca de 220 anos.

Os historiadores modernos acreditam que as citações de Antonio não são exactas ao associarem o termo Hicsos exclusivamente ao povo israelita. Mas, eles aceitam a ideia de uma conquista pelos Hicsos. Isto se deve principalmente a que podem achar pouca ou nenhuma informação nas antigas fontes egípcias para encher os registros do Segundo Período Intermédio que supostamente abrange da 14.ª Dinastia a 17.ª Dinastia. Por este motivo, os eruditos presumem que houve uma desintegração de poder egípcio. Os vestígios arquelógicos atualmente disponíveis conhecidos não confirmam e nem negam a ideia que os Hicsos tenham conquistado militarmente o Delta do Nilo; é certo que houve um sistema de fortalezas no Levante nos anos finais do período.

Muitos comentadores bíblicos situam a entrada de José no Egipto, a sua ascensão a segundo governante do Egipto ou Vizir, a entrada de Jacó e sua família, no "Período dos Hicsos", no Segundo Período Intermediário. O livro bíblico de Génesis mostra que o Egipto era bem receptivo aos estrangeiros desde do tempo do nómade Abraão. Mas é bem possível que o relato de Máneto sobre os Hicsos seja a versão egípcia oficial dos sacerdotes no esforço de justificar a permanência do povo israelita no Egipto durante 215 anos e no destaque que José e Moisés obtiveram (José, como Vizir, e Moisés, como um principe da Casa Real).

Conquistas

Maneton, segundo Flávio Josefo, apresenta os Hicsos como conquistando o Egito sem batalha, destruindo cidades e "os templos dos deuses", e provocando matança e devastação. São apresentados como se fixando na região do Delta. Por fim, diz-se que os egípcios se sublevaram, travaram uma longa e terrível guerra, com 480 mil homens, cercaram os Hicsos na sua cidade principal, Aváris, e então, de modo estranho, chegaram a um acordo que permitiu que os Hicsos deixassem o país sem sofrer danos, junto com suas famílias e seus bens, e daí, esses foram para a Judéia e construíram Jerusalém. (Contra Apião, Vol. I, pág. 73-105 § 14-6; pág. 223-232 § 25-6). Numa referência adicional, Máneto supostamente aumenta a narrativa com uma história que Josefo chama de história fictícia. Menciona um grande grupo de 80 mil leprosos e doentes receber permissão para se estabelecer em Aváris, depois da partida dos pastores. Esses mais tarde se rebelaram, chamaram de volta os "pastores" [os Hicsos], destruíram cidades e aldeias, e cometeram sacrilégio contra os deuses egípcios. Por fim, foram derrotados e expulsos do país. (Contra Apião, Livro I, Cap. 26, 28)

Evolução histórica

Por volta de 1800 a.C., iniciou-se uma onda migratória pacífica para o Egito, oriunda da Ásia Ocidental; as regiões do Oriente passavam por um período de seca e fome. Os povos nómades asiáticos não eram pessoas bem-vindas ao Egito, pois os egípcios desprezavam os asiáticos até então, referiam-se a estes como "vagabundos das areias". Todos os povos oriundos da Ásia eram instalados na região do Delta do Nilo, para evitar o acesso dos estrangeiros à parte mais civilizada e rica do país, e também evitar a miscigenação com a população natural. Nessas vagas de povos semitas ao Egito, estariam os filhos de Jacó - os israelitas.

No final do reinado do Faraó Amenemhet III (1843 a 1797 a.C.), iniciou-se uma lenta e constante decadência do poderio do Império Egípcio. Eles derrotaram a fraca 13.ª Dinastia, cuja capital se situava perto de Mênfis, e governaram o médio e baixo Egipto por volta de 1700 AC por um período de cerca de 100 anos.

A invasão iniciou com um banho de sangue na região do Delta, seguido pelos saques às cidades: "Havia então um rei nosso chamado Timaios. Foi no seu reinado que isso aconteceu. Não sei por que os deuses estavam descontentes conosco. Surgiram de improviso, homens de nascimento ignorado, vindos das terras do Oriente. Tiveram a audácia de empreender uma campanha contra nossa terra e a subalugaram facilmente sem uma única batalha. Depois de haver submetido nossos soberanos ao seu poder, incendiaram barbaramente nossas cidades, destruíram os templos, os deuses, e todos os habitantes foram tratados barbaramente; mataram uma parte e levaram os filhos e as mulheres de outros como escravos. Por fim, elegeram rei um dos seus; o nome dele era Salatis; vivia em Mênfis e cobrava tributo ao Alto e Baixo Egipto; instalou guarnições em lugares convenientes... Escolheram no Distrito de Saís (no Baixo Egipto) uma cidade adequada para seus fins, que ficava à leste dos braços do Rio Nilo, junto a Bubaste, e chamaram-na de Aváris" - segundo o relato de Méneto. Esse sacertode e historiador foi exilado em sua época por registrar essa história em uma estela de pedra. Após a ocupação, coexistiram com a 13.ª Dinastia Tebana. Nesse tempo, a Síria e Canaã (a terra de Retenu) estavam sob domínio do Egito. Era o início do período histórico conhecido como Segundo Período Intermediário.

Em 1704 a.C., tem início do reino do Faraó Aya (Merneferre). Desse ano até o ano de 1640 a.C., sucederam-se outros 43 Faraós no trono, mas, não sem oposição. Os vizires do Alto Egipto e Baixo Egipto adquiriram forças política cada qual em suas regiões administrativas e iniciaram a descentralização do país aproveitando a desordem que começou gradativamente com a chegada dos imigrantes asiáticos; o aumento das riquezas nivelou as famílias mais importantes, fragmentando em diversos nomos as 4 divisões em que Sesóstris III (1879 a 1843 a.C.) havia estabelecido no ano de 1878, agindo de forma independente. Os asiáticos se agrupavam cada vez mais no delta do Rio Nilo, chegaram a superar a população egípcia, muitos deles foram absorvidos pelas camadas mais pobres da sociedade, alguns alcançaram elevados postos na administração local; um dele, cujo nome era Khendjer (do semita hanzir que significa "javali") chegou a ser Faraó por 1 ano. Os Hicsos permitiram a princípio que a 13.ª e 14.ª Dinastia (que foram faraós remanescentes da 13.ª Dinastia, sem importância) se manter no Alto Egipto, desde que pagassem o tributo anual.

Guerras entre egípcios e hicsos




Em 1640 a.C., no Baixo Egipto, teve início a 15.ª Dinastia Hicsa com Salitis (Swoserenre), o 1.º Faraó não-egípcio. Seus domínios se estendiam do Delta do Nilo (Baixo Egipto) até a cidade de Meir (Alto Egipto). Dessa cidade até à 1.ª catarata, estavam os egípcios divididos em diversas unidades políticas tributárias dos governantes hicsos; da 1.ª até a 4.ª catarata estava o Reino da Núbia (Sudão), sediado na cidade de Kerma, aliados dos Hicsos.

Entre os anos de 1640 e 1585 a.C., sucederam-se 3 governantes hicsos no trono de Aváris: Salatis, Sheshi e Khian. Em 1585 a.C., passou a reinar Apófis (Awoserre). Apóphis provocava os egípcios com os motivos mais banais, tentando-os à guerra. Em xxxx AC, deu-se a primeira guerra entre o hicso Apófis e o Faraó Seqenenré Tao II (de cogonome "o Bravo") da 17.ª Dinastia. Exame da sua múmia mostrou que ele morrera violentamente, seu crânio apresenta uma perfuração, talvez tenha tombado em combate.

Em 1573 a.C., o sucessor do Faraó Seqenenré Tao II foi o Kamósis (Wadjkheperre). Diz-nos um Papiro, que Apófis terá mandado um mensageiro à Nô-Amom (Tebas), ordenando-lhe que matassem os hipopótamos que viviam no Rio Nilo próximo à Nô-Amom, pois o barulho feito por eles impedia o seu descanso; caso não fossem tomadas as devidas providências, ele mesmo invadiria o Alto Egipto para dar cumprimento às suas ordens. Kamósis I conclamou o Alto Egipto em levante contra o governante hicso; este se aliou com os Núbios no Sul, para conter a revolta. Os egípcios lutaram em duas frentes de batalhas, ao norte contra os hicsos e no sul contra os núbios e venceram ambas, levando a luta até as proximidades de Aváris no Norte, e Buhen no Sul. Mas, nada se sabe sobre ele depois dos 3 anos que durou o levante contra os invasores. Não sabemos como morreu e quandos anos reinou. A sua múmia, em mau estado de conservação, ficou reduzida a pó antes de poder ser examinada. Foi sepultado num sarcófago dos mais simples, o que parece indicar morte prematura e falta de tempo de realizar um funeral solene.

Em 1570 a.C., o Faraó Amósis I (Nebpehtire), filho de Kamósis, inaugura a 18.ª Dinastia. No Sul do Egipto, Amósis I derrotou os núbios, levando a fronteira até a 3.ª catarata, voltando à mesma posição da época da 13.ª Dinastia. Khamudi assume o trono de Aváris, e dá continuade à guerra contra os egípcios. Em 1532 a.C., sucede Amósis I. Este continuou a guerra de expulsão dos Hicsos, iniciada por seu pai conseguindo seu objetivo após 10 anos de guerra contra Khamudi. Termina os combates com vitória de Amósis I. Ele expulsou os Hicsos do Egipto, perseguindo-os pela Canaã, Fenícia e Síria, até a cidade de Carquemis (Karkemish) junto do Rio Eufrates, onde se deteve militarmente perante os hurritas do Reino de Mitanni.

Razões para invasão

As principais razões que atraíram os Hicsos foram:

1. Escassez de alimentos na Ásia Ocidental, enquanto no Egipto abundava alimentos;
2. A desordem resultante da presença de estrangeiros e a falta de coesão;
3. O atraso técnico e militar do Egipto em comparação com alguns povos asiáticos; os exércitos egípcios eram formados essencialmente pela infantaria a pé. Como não dispunham de cavalos e não usavam carros de combate puxados a cavalo (pois, a roda não era "muito útil" no deserto), seriam uma presa fácil para qualquer exército que tivesse cavalaria.

Consequências para o Egito

O período da ocupação Hicsa trouxe algumas vantagens para o Egipto:

1. Vulgarizaram o uso do bronze até então raramente empregado no país;
2. Substituíram a liga de bronze importada, pela de cobre-arsênico;
3. Introduziram a roda de oleiro aperfeiçoada;
4. O tear vertical;
5. O boi indiano (Zebu), mais resistente que o boi egípcio;
6. Novas culturas de hortaliças e frutas até então desconhecidas no Egipto;
7. Uso do cavalo e do carro de guerra;
8. A roda mais leve de arcos compostos;
9. Novas formas de cimitarras - sabre oriental de lâmina curva;
10. Novas armas e táticas militares;
11. Forma de dançar modificada em relação aos períodos anteriores.

Outras contribuições dos Hicsos:

1. Abalo ao complexo de superioridade dos Egipcios;
2. Com a insegurança provocada, os egipcios voltam-se mais a religião, solicitando às divinidades que nao houvesse mais ameaças de fora, no caso os próprios Hicsos.

Hipótese Eurasiano-Cretense

Os hicsos assim como os filisteus seriam povos asiáticos de origem européia, que por sua vez teriam origem no eixo Ásia Central-Mar Negro, só que ao invés de aportarem na atual Palestina como fizeram os filistóides, estes teriam aportado bem nos limes entre a península do Sinai e a Cirenaica Líbia, tendo então fugido da escassez do deserto para adentrar no Baixo Egito se aproveitando da expansão civilizacional egípcia para o Centro e Sul (Alto Egito).

Fonte: Wikipédia


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Egípcios

Núbios

Pictos

Os pictos eram os antigos habitantes da Escócia que Estabeleceram seu próprio reino e lutaram contra os romanos na Britânia. Fontes romanas afirmam que os pictos teriam um poderoso reino com centro em Strathmere.




Os pictos eram os antigos habitantes da Escócia que Estabeleceram seu próprio reino e lutaram contra os romanos na Britânia. Fontes romanas afirmam que os pictos teriam um poderoso reino com centro em Strathmere.


Batalha entre Pictos e Romanos.

Era famosos guerreiros que se pintavam de azul, e que lutaram contra os romanos. Estes, por sinal, não conseguiram subjugá-los (um dos motivos que levaram à construção da "Muralha de Adriano").

Segundo um estudo efectuado pelo geneticista Bryan Sykes, os pictos seriam originários da Península Ibérica.
Tiveram que enfrentar o advento de outros povos à Grã-Bretanha, entre eles os escotos procedentes da Irlanda, que formaram um reino na Dalríada. Em 843, Kenneth I MacAlpin, antes rei dos escotos, tornou-se também rei dos pictos, após, claro, derrotá-los. Deve-se levar em conta o fato de que, nesse período, os pictos estavam exaustos pelos sucessivos combates contra as incursões nórdicas (séculos VIII e IX). Eles venceram os vikings e os anglo-saxões e criaram a Escócia.




O legado dos pictos da Escócia são comumente vistos em antigas pedras entalhadas, que são encontradas por toda parte. Essas pedras mostram guerreiros e histórias com intricados desenhos de animais e símbolos. E ainda, mesmo 2.000 anos depois, existem lugares na Escócia com nomes de origem picta.

.:: Extraído de Wikipédia e outras fontes da internet
Edição: Valter Pitta

Escotos

Escotos (em irlandês Scot, no moderno gaélico escocês Sgaothaich) era o nome genérico dado pelos romanos aos gaélicos da Irlanda.

Alguns deles, do nascente Reino de Dal Riata, onde hoje é o Ulster, estabeleceram-se em Argyll (Earra-Ghàidheal, East Gaels), onde criaram o Reino de Dalriada. Com o tempo o nome tornou-se aplicável a todos os povos das regiões que eles conquistaram, donde vêm as palavras modernas escocês e Escócia (em inglês Scotland). Acredita-se que os grupos gaélicos não se auto-denominavam escotos, exceto quando se referindo a si mesmos em latim.

Fonte: Wikipédia

domingo, 8 de novembro de 2009

Armênios

Os armênios (português brasileiro) ou arménios (português europeu) (em armênio: Հայեր, transl. Hayer) formam uma nação e um grupo étnico originário do Cáucaso e do Planalto Armênio. Enquanto uma grande quantidade deles permaneceu no local, especialmente na Armênia, muitos espalharam-se por todo o mundo, como resultado da diáspora armênia.





Historicamente os armênios têm uma presença significativa em países como a Geórgia, Irã, Rússia e Ucrânia, devido à proximidade entre seus territórios. Depois do genocídio armênio um grande influxo de sobreviventes deslocou-se à França, aos Estados Unidos, Argentina, Brasil, ao Levante e a outros países que lhes acolheram. Estima-se que existam cerca de 8 milhões de armênios ao redor do mundo.

Cristianizada no início do século IV, a Armênia arsácida tornou-se a primeira nação cristã, embora o cristianismo tenha começado a se espalhar no país logo depois da morte de Cristo, devido aos esforços de dois de seus apóstolos, São Tadeu e São Bartolomeu; a maior parte dos armênios segue a Igreja Apostólica Armênia, uma igreja não-calcedoniana. Falam dois dialetos diferentes, porém mutualmente inteligíveis do armênio: o armênio oriental é falado principalmente na Armênia, no Irã e nas repúblicas da antiga União Soviética, e o armênio ocidental é falado principalmente por imigrantes armênios ao redor do mundo.

Etimologia

Historicamente, o nome armênio foi usado para designar internacionalmente este grupo de pessoas; foi usado pela primeira vez pelos países vizinhos da antiga Armênia, e é tido tradicionalmente como derivado de Armenak, ou Aram, bisneto do bisneto de Haik, líder que, de acordo com a tradição armênia, seria o ancestral de todos os armênios, e que daria origem ao termo usado pelos próprios armênios para designar a si próprios: Hay (Հայ; plural: Հայեր, Hayer). Haik também é um nome popular armênio atualmente.

Origens

A Armênia se encontra sobre um planalto que cerca as montanhas bíblicas do Arata - que, de acordo com a tradição judaico-cristã, seria o ponto onde a arca do patriarca Noé teria aportado após o Dilúvio.[14] Na Era do Bronze diversos Estados floresceram na região da Grande Armênia, incluindo o Império Hitita (no auge de seu poder), Mitanni (no sudoeste da Armênia histórica) e Hayasa-Azzi (1600-1200 a.C.). Logo em seguida vieram os nairis (1400-1000 a.C.) e o Reino de Urartu (1000-600 a.C.) que estabeleceram sucessivamente seus domínios sobre o Planalto Armênio. Cada uma destas nações e tribos participou da etnogênese do povo armênio. Ierevã, a atual capital da Armênia, foi fundada em 782 a.C. pelo rei Argishti I.

Em 1984 o linguista Thomas Gamkrelidze e o filólogo Vyacheslav V. Ivanov propuseram a teoria de que a urheimat do proto-indo-europeu seria localizada no Planato Armênio.

Fonte: Wikipédia

Dácios

Originários da Trácia, atual Bulgária, os dácios ocupavam a montanhosa região da Dácia, área que corresponde hoje à Romênia, na Europa Oriental.




Eram um povo indo-europeu, antigos habitantes da Dácia (região correspondente à moderna Romênia) e partes da Mésia no sudeste da Europa.

A primeira menção feita a eles procede de fontes romanas, mas os autores clássicos são unânimes em considerar os dácios um ramo dos getae, um povo trácio conhecido dos escritos gregos. Estrabo especificou que os dácios eram os getae que viviam na região da planície Panoniana (Transilvânia), enquanto so getae propriamente ditos habitavam as regiões próximas do Mar Negro (Cítia Menor).




Considerados um povo numeroso à época, eram constantemente acossados por germânicos na fronteira ao norte e por sármatas, a leste e a oeste. Ao sul, o rio Danúbio os separava do Império Romano, um ótimo alvo para saques e pilhagens, especialmente no inverno, quando raramente se combatia.“A Coluna de Trajano representa os dácios segundo os estereótipos da época: cabelos longos, barba, vestidos com túnicas e calças e equipados com escudos”, afirma Patrick Receveur, autor de uma tese sobre a conquista da Dácia. “Os líderes se diferenciam dos demais por terem a cabeça coberta”, explica. Geralmente lutavam a pé (recorriam a aliados quando precisavam de cavalaria), usando dardos e espadas curtas ou ainda a falx, uma espada curva pesada. Embora não construíssem pontes ou máquinas de guerra como catapultas e torres de assalto, dominavam técnicas de construção de fortalezas.




A diplomacia dácia também era bastante refinada. Feito o acordo de paz com os romanos em 89, os assaltos ao império cessaram e não foram mais retomados, sinal da disciplina das tropas e do rígido controle do rei sobre seu exército. Os dácios também eram considerados adversários respeitáveis. Isso se explica em parte por sua adoração ao deus Zalmoxis, que, segundo sua mitologia, conferia imortalidade aos soldados mortos em combate. Daí os dácios exibirem uma certa indiferença em relação à morte.

Fontes: Wikipédia / Aventuras na História